sexta-feira, 8 de novembro de 2013

“TÃO NOVINHO E TÃO SÓ...”



    Dona Quirina tinha os ouvidos muito aguçados e era muito observadora.Um dia ela ouviu um barulho,no meio dos carvões, vindo de um velho fogão à lenha, que ficava do lado de fora da casa onde morava. De mansinho, foi ver o que era. Pé ante pé viu uma cena muito engraçada. Um filhotinho de rato tão minguadinho, que fazia dó. Pretinho e arrepiado, parecia que estava com muita fome, e não sabia onde procurar alimento.
    Neste fogão velho, dona Quirina havia colocado um bule, que por sinal era muito bonito, de boca para baixo; por tanto, o bico ficava dentro da trempe do fogão. Coitado! Quando sentiu que alguém o observava, correu com bastante dificuldade, apesar de ser rato. Entrou no bico do bule, que apesar de ser largo, ele fazia um “zigue-zague”estreitando até o centro ...Pronto, ficou entalado. Lutou, relutou,tentando se libertar e sair do outro lado...Ficou com o seu enorme rabinho balançando pra lá e pra cá, na esperança de libertar e prosseguir sua caminhada até o final do bule. Tudo em vão...Enfim...se cansou ou...a forca do zigue-zague o asfixiou.
    D. Quirina, mais que depressa, foi tentar salvar o pobre do bichinho que agonizava sem parar, mas.como salvá-lo? Olhou para uma cavadeira que estava bem perto dela e...CRAU no bule...
    O golpe foi tão forte que...o bule quebrou mas, o bico ficou intacto, exatamente onde sua cabecinha estava entalada.
    O golpe foi tão fatal que coitado, parou de respirar, soltando excremento, a medida que parava de respirar.
    Morreria de todo jeito, saindo ou ficando dentro do bico do bule...
    Já estava enforcado...pobrezinho! Que destino trágico! Não sabia se virar sozinho, por ser tão novinho e sem ninguém de sua espécie, para lhe ensinar a caçar e sobreviver. Que destino triste.
    AIROLG. 2009 -PAULO GARCIA


“A RATOEIRA”


É engraçada a nossa vida...E a dos animais irracionais também.

Veja bem... Tem um enorme buraco no muro, ao lado de nossa casa. Por muito que tampemos, com areia e cimento, ele está sempre aberto. São os ratos. Não sei de onde vêm nem pra onde vão mas estão sempre andando por ai.Não dão sossego.
Imagina...Conseguimos eliminar muitos e eram enormes. Tudo bem...Ficamos sem a presença deles um tempão, chegamos à acreditar que eles tinham sumido para sempre. Que ironia da vida!
Logo, apareceram três ratinhos bebês.Um entrou no quarto de meu filho e foi eliminado. O outro, subiu no fogão. Como o fogão estava próximo da pia, ele desceu pelo o fio, fazendo malabarismo, como um verdadeiro macaquinho descendo em um galho de árvore.
Os três além de serem pretinhos, assemelhavam a um porco espinho, todo espetadinho e muito minguadinho, por serem talvez, tão novinhos.
Um dia, armei a ratoeira e fui lavar a louça e ouvi um barulho e o que vi, me doeu muito.
O ratinho,ao ver um pedaço de queijo na ratoeira, foi correndo para tirá-lo pensando: “Ôba! Que petisco! Faminto como estava, não perdeu tempo. Que azar...Mas...um pardalzinho inocentemente bicou-o primeiro, deixando o ratinho constrangido, por ser vencido pelo pardalzinho. Mas, o pardalzinho coitado,levou a pior...ficou preso no lugar. Que lástima!. Ele ficou se debatendo tanto, ferindo o pescoço e caindo suas peninhas. Dava pena sua agonia.Por muito que quisesse,não sairia da guilhotina.
Corri para tirá-lo daquela situação, mas...ao sair, já não se movia mais.Ficou durante horas sem movimento.Coitado! Que situação inesperada!
Anoiteceu...gatos famintos apareceram por todos os lados e para que eles não achassem o agonizante pardalzinho, eu o escondi por entre as plantas e também para que ele se recuperasse do susto que a vida lhe pregara. Hum...que agonia!
No outro dia, lá estava ele, no mesmo lugar na mesma posição,com o pescoço virado de um lado só. Não se alimentava, tão pouco bebia água que meu filho lhe dava. Dava pena ver o bichinho assim...
No dia seguinte, conversei com ele dizendo: “Pardalzinho, saia daqui, vá para bem longe e só volta quando estiver bem, se não quiser ser comido pelos gatos que estão sempre a espera de algum bom petisco. Parecia que entendeu direitinho a minha mensagem. Saiu voando esbarrando em tudo, com bastante dificudade, pousando no pé e acerola.
Tudo bem...Os dias foram passando e eu ficava na esperança de vê-lo comendo no terreiro. Até que um dia, um pardalzinho, apareceu no terreiro, tentando pegar um grãozinho de alguma coisa no chão. E eu falei: “ olha ele aí, olá, como vai você!!?” Você se lembra de mim? Não vá cair na guilhotina de novo ouviu? Ele saiu voando com a cabecinha virada para um lado só. E eu disse aínda...Olhe pardalzinho, procure um ortopedista para colocar seu pescoço no lugar,ouviu!?
E não se esqueça de mim AIROLG S. D.


“QUE SUSTO!”






Eu estava entretida fazendo almôndegas para o almoço de domingo, quando de repente, fui surpreendida sorrateiramente, por um indivíduo dentro de minha cozinha dizendo bem baixinho ao pé de meu ouvido: “Não grite...estou armado!” Senti algo apertando minhas costas, na altura do coração. Nossa! Naquele momento senti sem chão...Mas,tentei me controlar, me mantendo calma, mesmo com as pernas bambinhas.Naquele momento, chamei meu filho, como ele estivesse ali, bem pertinho de mim e eu disse: “Corre...Venha rápido!!Um homem entrou na cozinha e está armado e aponta pra mim! Depressa venha logo, corre!!!
O homem na ânsia de correr sem ser visto e reconhecido,ao virar,esbarrou os braços em mim e eu cambaleei, aproveitei o embalo e o empurrei para fora da cozinha e fechei a porta a chave e corri para a sala apavorada, pedir socorro.
Quando abri a porta da sala, foi grande o meu espanto: minha filha e seu filho tinha acabado de chegar do mercado.Dei graças a Deus! Logo, comecei a soluçar e tremia tanto que parecia batucada. Foi naquele momento que “acordei do susto”.Com muita dificuldade, tentei falar alguma coisa mas, não saía nada, mesmo que tentasse ninguém entenderia...
Logo, minha filha acionou a polìcia, que chegou dentro de dez minutos. Todos falavam, menos eu , que muito apavorada, só batia os dentes.
Meus filhos, apesar de estarem distantes,ao saberem do ocorrido, chegaram logo, apavorados .
Tudo terminou...mas, a tensão nervosa ficou...
A lembrança nunca sairá da minha cabeça.Espero que isso nunca aconteça com ninguém.É uma sensação horrível.


AIROLG                                       Dia 04-08-2013-Domingo

Lá vem o trem...


Fazendo um barulhinho
Subindo o morro, cortando a serra
Estou cansado subindo a serra (duas vezes)
Choc...Choc...Choc...Choc...!!!
Lá vem o trem...
Jogando carvão pela estrada
Soltando fumaça por onde passa
Descendo a serra desanimado
Café com pão manteiga não (duas vezes)
Piuí...Piuí...Piuì...
Hora apòs hora ele apita
Lembrando a todos que està passando
Vem soltando fumaça
Com seu barulho intermitente
Gingando ao passar nas curvas
Hum... não sei porque nas curvas ele não cai
(duas vezes)
Chuiiii...Chuiiii...Chuiiii...Chuiiii...
Descarregando...
Ai que saudade do meu tempo de criança!

AIROLG.