domingo, 9 de janeiro de 2011

“QUEM SERÁ?”


Quem é essa que afaga com carinho, o nosso pequeno corpinho, quando criança e com paciência de Jó , nos ensina os primeiros passinhos?
Quem é essa que participa de nossas criatividades escolares atentamente, sem descansar, educa nossa fé para nos ver bons cidadãos de amanhã?
Quem é essa que com prudência, corrige e perdoa os nossos erros sem se queixar? Que se despoja , se preocupando só conosco, sem enumerar as falhas?
Quem é essa, que permanece sempre sorrindo, ante os problemas da vida; que tudo vê, ouve, consola e perdoa, e que tudo faz para nos ver importantes no  mundo ?
QUEM SERÁ? 
    STA.CRUZ  SHOPPING .


“SOCORRO!!!FUI ROUBADO!!



 
Eu, estava atendendo um cliente, quando tocou o seu celular. Engraçado, parecia com o meu, quando percebi, que o meu, tinha sumido. Perguntei meio desconfiado...
_Não vai atender?
Senti que o cliente, tentou disfarçar ao máximo... Foi quando resolvi chamar a polícia...
Ora, não é que o maluco tinha roubado o meu celular?  Espertinho hem?    
                                                                                                Andreidson .  

Dia do meu aniversário

Mãe,
As vidas das pessoas sempre dependem das mãos divinas, para desenvolverem e sobreviverem, e estas mãos divinas pertencem às mães.
Suas mãos são divinas, carinhosas, corretoras, seguras.
Seu colo acolhedor, seu coração um espaço sempre aberto para a felicidade.
Hoje estamos todos aqui para recordar o que sempre fez por todos nós:
... Dedicar toda sua juventude e saúde para  seus filhos, que nem sempre sabem reconhecer seu valor.
...Aqui estamos para agradecer pela chama que nos deu, de sermos honestos e importantes. Tenho certeza que seremos um dia  competitivos na sociedade;
...E o mais importante,  é que a senhora nos permitiu sermos uma família unida e temente à Deus.
Ensinou-nos que os problemas se resolvem mais facilmente em grupo e que a família bem estruturada é uma família forte.
Pois você mãe, é o pilar principal desta família, que hoje vem mais uma vez lhe desejar  um feliz aniversário!
Sendo nosso presente o mais profundo respeito  para com a senhora.
Esperamos um dia, de alguma forma, poder retribuir a senhora, todo esse esforço pela vida. Obrigado pela nossa vida!

“SÓ”



Eu agora me vejo tão só, neste imenso casarão, acompanhada apenas, por numerosos pensamentos, que não me deixam dormir, ou  mesmo relaxar,para descansar um pouco.
Uma casa grande que fora povoada um dia, agora tão vazia. Sem conteúdo, sem razão.
Olho os quatro cantos da casa e vejo os objetos de cada um, falando de certa forma, alguma coisa para mim... e eu choro e entendo a voz de cada um através dos objetos : ora reclamando, ora pedindo alguma coisa...
Não ouço mais, o som do violão e o dueto lindo , das meninas; elas não sabiam, mas; eu as admirava muito... tudo acabou... Eles cresceram  eles mudaram. Cada um com seus problemas  cada um com seus ideais. Como  a vida exige de cada um...
Tudo quieto... nem mesmo os gritinhos de minha netinha, o barulho de seu velho velotrol ao redor da casa se ouve mais.
Ouço agora, o som e o barulho de meus chinelos, se arrastando o dia inteiro, pra lá e pra cá, parecem dizer alguma coisa a respeito: “não se apavore mulher eu estou com você, sempre, quer queira, quer não, vou estar sempre colado no seu pé”!  
O tempo passou muito rápido, não deu para perceber que estavam ficando mocinhos, donos dos seus próprios narizes.
Olho para trás e vejo seus passinhos inseguros...
Agora , tão autênticos, tão seguros.
Sinto-me agora como a terra produtiva, que tudo dá, tudo oferece, sem nunca esperar recompensa.
Como diz essa música: “Eu era feliz e não sabia...”

“REVENDO OS PASSOS QUE DEIXEI PARA TRÁS”





Olho para trás e vejo cada um de vocês, do jeitinho que eram,quando pequenos
Olho para trás e os vejo inseguros, apertando a minha mão, quando viam alguma coisa, pela primeira vez, sorrindo logo em seguida, quando já não oferecia nenhum perigo.
 Tudo estava bem...
Olho para trás e ouço a vozinha  de cada um,no quintal, quando faziam suas traquinagens, correndo a todo vapor. Subindo e descendo, balançando nas árvores, brincando de pique-esconde...
Olho para trás, e os vejo de pastinha na mão, de uniforme, apanhando o ônibus, ora a pé ora de ônibus. Sorridentes, iam para o colégio...
Olho para trás e vejo os boletins; as vezes ótimos , as vezes notas que aborreciam mas, que traziam felicidades no final do ano...
Olho para trás e os vejo, cada um tomando seu rumo, saindo do nosso convívio, de sua família, para construírem uma nova ...
Olho para trás e continuo ouvindo suas vozinhas, seus sorrisos , a alegria que vocês tiveram juntos  um dia, num mundo infantil, que nunca voltará jamais...
Porquê, a verdadeira felicidade da infância, deve morar sempre, no coração de cada um... a vida toda para que a saudade, não tome o lugar, onde só a felicidade deve morar sempre... sempre.

“Água benta”




Fomos convidados para uma festinha de aniversário de uma amiga. Todos da comunidade, inclusive três padres. Tudo bem...
Começou com uma dança esquisita, parecia candomblé. A aniversariante, com certa dificuldade devido à obesidade, começou a chamar a atenção de todos, tentando agradar aos seus convidados, com seus passos barulhentos, ela batia palmas quase no mesmo ritmo, para ritmar assim com o barulho dos pés.
Todos sentiram a sua alegria e sua esquisita dança desengonçada e ela sorria.
De repente ela parou e gritou:
_“vamos parar para bater palmas e cantar parabéns!”
Todos se posicionaram ao redor da mesa e rimos a valer...
 Quando a aniversariante foi cortar o bolo, um dos padres se aproximou, talvez por gostar tanto de doces, descuidou-se deixando cair “saliva” em cima do bolo.
Isso foi motivo de muitos risos e muitos risos...
A aniversariante vendo o acontecido e temendo que ninguém comesse o bolo, levantou o braço e o colocou sobre o ombro esquerdo do dito-cujo e disse:
_“ o senhor acaba de salivar o meu bolo de aniversário, e agora!? 
O padre muito sem graça, depressa falou bem alto:
_“ não se assustem, não é saliva, é ÁGUA BENTA”.
 Foi motivo de muitas gargalhadas.     
“Se a esperança é a última que morre, quero ser a última a morrer.”  

“BARBARIDADE”



Um dia cheguei na casa de minha amiga e vi seu esposo limpando e lavando um enorme tatu pendurado no varal. Tudo bem... ao ver o sangue do dito cujo, escorrendo pelo chão, fiz vômito e disse muito segura:
_Credo, nunca hei de comer carne de tatu, que nojo!! Olha, eu nunca comi carne de tatu e nunca hei de comer espero.
O esposo de minha amiga deu uma olhada e riu e disse com um tom zombeteiro:
_Não mesmo?
Eu disse segura:
_Não!
 Ele falou ainda mais e sorrindo.
_Você se lembra, quando você almoçou conosco?
_ Lembro-me...
 Então ele disse sorrindo:
_A carne que você comeu era de tatu e não de porco como dissemos. Era a garganta do dito-cujo que você comeu, prazerosamente, quer dizer: aquela cartilagem que você destrinchou! Eu dei um gemido e os vômitos recomeçaram, desta vez, trazendo tudo que estava dentro do estômago. Que horror!

SOM NA FOTOGRAFIA



Um rapaz e seus colegas juntam-se no pátio do quartel em que serviam as forças armadas, para tirarem algumas fotos de lembranças dos amigos.
O fotógrafo se posicionou e disse brincando:
_Atenção, olha o passarinho! Já vou tirar a foto!
Neste ínterim, alguém gritou com um tom zombeteiro, a um de seus colegas que mantinha o seu radinho de pilha ligado:
_ “Jorge, desliga o seu rádio, senão o som ; a música vai sair na fotografia.
 Ele mais que depressa, desligou se desculpando.
_“ É mesmo rapaz, não pensei nisso, que coisa!! Desculpe!
Imediatamente desligou o rádio, temendo mesmo que o som sairia nas fotografias...

Estou de greve



O rádio e televisão só falavam em greve: “greve dos professores, greve da DEMLURB, greve de posto de saúde”. Isso, o dia inteiro. Que coisa de louco!
 Um dia eu estava absorta nos meus pensamentos arrumando a cozinha quando parei para ouvir minha netinha cantando a música das CHIQUITITAS, cantava e dançava e como eu a admirava, era uma gracinha!
De repente ela parou de cantar e dançar. Olhei eu a vi assentada na cadeira, no meio da calçada, ao lado da calçada em frente da cozinha.
Eu perguntei:
_Filhotinha, porque parou de cantar, estou gostando, continue...?!
Ela com os braços cruzados respondeu um pouco mal humorada:
_ “Ora, estou de greve, não posso!?”
Eu assustei. Tão pequena e já sabia o que era greve, em que mundo nós estamos?
Em que PAÍS estamos?

“Que pássaro é esse”?



Todos os dias, bem na matina, acordo com um canto de um pássaro que me chama à atenção; ao lado de meu quarto. Parece que ele canta só para mim... Um canto bonito, suave e parece que quer chamar a minha atenção; não sei o seu nome, mas gostaria de saber; também nunca o vi e se o visse não saberia identificar.
Ele parece cantar mais o menos assim: “fiquei sozinho...sozinho...sozinho ...” e assim por diante.!
 Até hoje não sei o nome desse pássaro com esse canto maravilhoso. É um canto um pouco triste, pausado e parece realmente dizer alguma coisa. Eu abro a janela de meu quarto e o vejo de longe, observando pulando de galho em galho, pena que não enxergo muito para melhor identificá-lo. Cada dia que passa, eu me surpreendo e aumenta minha curiosidade; de conhecê-lo bem de pertinho. Parece entender minha intenção, ressabiado voou para bem longe, só voltando no dia seguinte de manhãzinha e dessa vez cantou triste.
Eu quis imitá-lo e cantei:
_Eu também fiquei sozinha...sozinha... sozinha...
Ele parecia entender e parou por alguns minutos e depois voou e nunca mais voltou. E eu chorei...

Ludmila


Ludmila, você ainda está sendo elaborada, pelas mãos de DEUS “ O nosso criador Onipotente, DEUS JAVÉ, Aquele que É e sempre Será em nossas vidas, o mestre de todas coisas e de todos seres” Dentro da barriga de sua mãe. E olha, quero lhe dizer uma coisa quando aqui chegar, que talvez não tenha coragem de dizer quando você aparecer neste mundo maravilhoso; por falta de tempo ou falta de coragem mesmo e sabe por quê? Por quê somos um pouco reservados, gostamos de guardar as coisas mais lindas, dentro de um cofrinho de carne, localizado no fundo do peito; esse cofrinho, tão perfeito tão sagrado ficam guardados, o que nos são tão caros : o amor o carinho,a verdade, a felicidade, fé e tudo que nos uni e nos levam para a verdadeira felicidade. O que sentimos por você Ludmila, está guardado e sacramentado aqui dentro desse peito que é tão frágil. Você já está fazendo parte desse tesouro.  Faltam um mês e alguns dias, não vai demorar. Aguarde, e logo estará em nosso meio, no nosso convívio. Vai ser muito bom estar com você. Pena que não lembrará, como foi ficar neste planetinha uterino durante nove meses... Fica no esquecimento...
Qual será o personagem, que você gostará mais quando aqui chegar, heim?
Tenho certeza que será o personagem que lhe dará seu alimento preferido.
Quem será? Claro?
É a mamãe e seu leitinho quentinho... no seu tempo e a hora que você quiser.
E o papai? Olha que adivinho... É o papai,com seu amor, carinho e muita paciência. Acertei?  

“SABIDINHA, HEM?”


Tenho uma netinha linda e eu a amo muito.É minha primeira neta, todos nós a tratamos com muito dengo. Logo ela cresceu e chegou o dia de participar da escolinha infantil. Era uma gracinha de calça vermelha e blusinha cinza com barrinha vermelha, mangas gola e cintura também. Todos os dias ela comentava sobre seus coleguinhas, eles levavam dinheiro para comprar pirulito e balas. E dizia:
_“Só elas levam, eu não!”
Bem... Eu não via necessidade para tal coisa, pois; já que ela levava merenda de casa, e eu fazia tudo para que ela não consumisse coisas doces. Apesar de pedir que lhe desse dinheiro... Mas, eu nunca lhe dei nem um centavo
Um dia, seu pai chegou rindo, após buscá-la da escolinha. Disse rindo:
_“ Imagina, que a Camila foi para a escola com a mãozinha fechada, e nada a fazia abrir ... Resolvi perguntar: “O que você segura Camila que sua mãozinha está tão suada!” Ela disse: nada pai!” Com muito custo resolveu abrir a mãozinha soltando água como uma biquinha...Lá estavam algumas moedinhas antigas. Assustado perguntei: “Para que isso docinho?”  Ela depressa respondeu: “É para comprar pirulitos e balas paizinho, o sr. não vai ficar bravo comigo !?” – Ele lhe disse com muita peninha... “Filhinha, é claro que não se deve fazer isso mas, não vou ficar zangado. Escuta filha, essas moedas não valem mais nada, são antigas, portanto, não dá para comprar nada,nada. Então ela lhe disse franzindo a testa: “Então pai, me dê moedas que valem a pena, não é paizinho!? Quero comprar as coisas como minhas amiguinhas,entendeu paizinho!?”
No dia seguinte, seu pai lhe deu algumas moedinhas, pra ela comprar o seu pirulito e balas, como suas coleguinhas. Que sabidinha hem!

“SAUDOSO PÉ DE AMÊNDOA”


Um homem plantou um pé de Amêndoa, bem em frente de minha casa. Eu o vi crescer e ficar árvore adulta. Logo deu seus primeiros frutos, mas; apesar de estar na rua, ninguém sentia curiosidade de apanhá-los. Sua sombra se espalhava ao longo da rua e muitas pessoas usufruíam dela, para descansarem, quando por ali passavam, escondendo-se do sol causticante de verão.
Um dia, sem piedade, alguém golpeou-a com um machado e suas horripilantes machadadas magoou-a muito.
Neste dia, eu a vi chorar...escorria um líquido grosso, que gotejava sem parar... Suas folhas que eram verdinhas, agora amarelas e sem vidas . Seu tronco que era viçoso, agora, virou  tora, lenha para fogão. Sua sombra já não existia mais... Que pena! Que covardia!
 Porquê fizeram isso?
Ela que tudo oferecia: beleza, sombra, frutos...
As folhas agora secas, gritam por socorro ao tocar ao chão. Ah, com tristeza eu assistia tudo, acompanhando, a sua decadência, e destruição! E a sua sombra? Que bela sombra ela oferecia, e como era aconchegante!!
Lembro-me ainda quando pequena, eu recitava inibida no colégio essas frases, que o saudoso autor Olavo Bilac escreveu:
“ AS FOLHAS JÁ FORAM VERDES HOJE SÃO VERMELHAS PARECE UMA CASA NOVA TODA COBERTA DE TELHA.”
Era também uma amendoeira.

“AUTOR PRINCIPAL”


Uma imensa arena, cercada de concreto, feio e sem vida ; onde pessoas se juntam para torcerem, sorrirem , se alegrarem emocionando a cada momento. Elas ficam ali, mesmo que chova, mesmo que percam, esperando pelo espetáculo,que ainda está por terminar. E o tempo ajuda, dando a arena o céu completamente os tons cinza escuro, azul celeste, branco-neve, que faz com que as pessoas fiquem mais inspiradas. Quanto aos artistas, estes esperam o momento de entrar no palco e nele, mostrarem sua mais dedicada arte .
São 22 artistas que correm atrás do autor principal. Ele sofre, é chutado, mas; quando faz a coisa certa, ele é beijado, é abraçado e chutado com carinho. Carinho este, que passa para todos da arena. A arena sombria e fria, se torna um local quente e aconchegante. O céu azul celeste... A torcida feliz e o mundo menos violento.
 A arena, não é uma arena. É o universo.
Os artistas não são artistas. São mágicos.
O céu, não é propriamente o céu. É a terra e o mar.
O autor principal torna-se esfera do mundo, onde se encontra a essência de um momento de felicidade.
E a torcida se torna neste momento, o maior protagonista da grande festa. (1994 Wastein.)

“Que Decepção!”


Um dia, uma senhora olhou para uma seta onde estava escrito: “PASSAGEM PARA PEDESTRE” Toda vez que passava por ali via a mesma frase e pensava: Onde será esse lugar, meu Deus do Céu?!  Passeavam por ali, duas adolescentes, que sorriam enquanto falavam.  Essa mesma senhora, olhou para a mesma seta; e resolveu perguntar:
_Meninas, desculpe perguntar, por favor, que ônibus devo embarcar para chegar a esse lugar!? Apontou para a seta e a leu em alta voz: Olha aqui, “PASSAGEM PARA PEDESTRE”
As meninas entreolharam e disseram no mesmo tom:
_ Para onde senhora?
 As meninas começaram a rir dizendo:
_ “Não minha senhora, não vai a lugar nenhum... Isso quer dizer que é lugar das pessoas passarem”
 A senhora envergonhada falou baixinho:
_Eu que pensei que ia para algum lugar, desculpe.     


CENA ENGRAÇADA


 Havia em uma cidade  do interior do Rio de Janeiro, uma mulher orgulhosa, má e invejosa. Não gostava que ninguém lhe dirigisse a palavra. Um dia, ela apareceu vestida de veludo vermelho ,sapatos altos, também vermelhos e muitas jóias. Subiu as escadas da igreja, para evidentemente, assistir a missa do domingo. Entrou convencida, que estava sendo notada por todos. Ela assentou-se num banco ,ao lado de uma pilastra.Encostou-se de lado, ficando na mesma posição, empinada até o término do sermão do dia.
Uma lagartixa veio descendo... descendo, até chegar nos seus ombros. A lagartixa, rodopiou... pra lá e pra cá e de cá pra lá, sassaricando suas costas e ombros; entrelaçando com a cauda em  seus cabelos enormes(cabelos anelados) .Como sua roupa era grossa, não sentia a dita cuja , bagunçar a suas costas. Eu tudo via, mas; temia lhe dirigir a palavra. Então, eu agi assim: eu pedi a um senhor que estava a minha frente, que pedisse a uma senhora a sua frente, para pedir a criança que estava ao seu lado e falar sobre a lagartixa que estava em suas costas.
A criança não sabia da fúria da mulher por tanto, disse calmamente:
_“senhora...senhora! Não se assuste... tem uma lagartixa sobre seus ombros!”
A senhora espantou-se dizendo em alta voz:
_O quê? O que você disse menino? 
O menino amedrontou com tom de voz alterado com que ela lhe falava; começou a soletrar de medo:
_“Tem uma La...gar...ti...xa ,em seus om...bros, se...nhora!”
Ela deu um grito desesperado, chamando atenção de todos dentro da igreja. Levantou-se depressa dizendo palavrões se escabelando-se toda.
 Finalmente conseguiu desabotoar o pesado casaco; ou melhor, o pesado vestido de veludo, jogando-o bem longe, ficando semi-nua , dentro do templo. Acho que ela não havia percebido que estava quase nua... Caso contrário, teria corrido para sacristia. Ficou muito assustada, olhando para o povo, que assistia a missa. Assistia a missa? Como? O vestido, ironicamente foi cair sobre a cabeça do sacerdote de tanto que sacudia.... O padre parou o sermão por alguns minutos, até ficar livre do pobre bichinho que também estava assustado.
O povo parou, olhando aquela cena engraçada. Quando se deu conta que estava só de combinação, diante do povo e o padre, ela não sabia onde se esconder...
Eu morria de rir... Eu bem que gostei, dessa cena ridícula...  Pronto!
A missa terminou... Foi aí, que parei para refletir... Que missa assisti, fiquei o tempo todo observando a mulher, enumerando tudo que estava acontecendo: o que vestia,o seu jeito de esbravejar, que sacrilégio!
Tudo bem... Ao chegar em casa, minha mãe como de costume, perguntou-me:
_ “Filha, o que entendeu do sermão de hoje?”
Eu, lembrando do acontecido, comecei a rir dando gargalhada... Minha mãe, sem nada entender disse seriamente:
_“A missa foi tão engraçada filha?”
E tentava explicar,mas; não conseguia... Sempre ria, quando começava a falar. Mesmo assim, não desanimava.
_Mãe, a lagartixa desceu a pilastra, subiu na mulher e tibum! Foi parar na batina do padre; que caiu no chão, fazendo tibum! Aí, a missa acabou...
Minha mãe entendeu bulhufas, do que eu falava. Muito zangada disse:
_ “ Isso é modo de falar das coisas de Deus, menina; sua engraçadinha!! Pelo meu modo de entender, você não assistiu uma missa; assistiu um espetáculo de circo!! Que mundo que nós estamos, meu Deus?”
Eu respondi prontamente:
_ É quase isso mamãe!
 Minha mãe, deu um grito: “Credo em cruz!”
Até hoje, lembro-me dessa cena e começo a rir...

“CAMILA”


Era um dia bonito, num domingo, dia treze de dezembro de mil novecentos e noventa e seis: dia de santa Luzia.  Aparecida (Cidinha) casada com meu filho, Androcles, Começou a sentir as primeiras contrações... Anunciava a chegada de minha primeira netinha.Camila, o nome que sua mãe lhe dera ao nascer. Deu entrada no hospital Bom Pastor em Juiz de Fora , na rua... número... as oito horas da noite e cinco minutos nasce a ...rechonchudinha e inquieta e com os olhos atentos. Eu sua vó, fiquei horas e horas, olhando-a na estufa.
Seu pai, tirou algumas fotos,sorriu e disse:
_Tomara que fiquem boas.
 Seu umbiguinho caiu no dia vinte e  seis de dezembro as vinte e trinta horas, após treze dias e foi plantado no meio das flores, no pé de rosas brancas ,do nosso jardim.
 No dia treze de janeiro ela completa um mês. 
Dei banho até cair o umbiguinho.
Os meses foram passando ... um ano... dois...três, quatro... cinco...
Agora caminha para seis anos de vida. Não comemoramos com festas, mas; com alegria seu nascimento e agradecemos à Deus por nos presentear com o mais belo presente, a sua vidinha. Procuramos rodeá-la com muito carinho. Acredito que ela é muito feliz.

“A DICÇÃO”



Um professor de biologia, atencioso e muito correto, quis deixar uma senhorita á vontade, em uma reunião espírita. A moça tinha o apelido de BLÁ-BLÁ, pois falava de tudo que corria na comunidade. Participava de todo evento, mesmo não sendo convidada. Era uma graça,vê-la conversar e rir com todos desengonçadamente. Todos a chamava assim BLÁ-BLÁ... O professor, um dia, dirigiu-lhe a palavra pronunciando o seu famoso apelido:
_Como vai BLÁ-BL?
 Ela olhou e ficou zangada dando um muxoxo, ficando muito ofendida e respondeu:
_Professor, o senhor tem problema de dicção?
O professor deu uma engasgada assustado e quase balbuciando respondeu:
_Não... Não... Porquê!!?
Ela respondeu de imediato:
_ Porquê se estivesse, eu indicaria um especialista! 
 Ele se perguntou:
__Ora, não é esse o seu apelido...?

“QUE PERFEITA ASSIMILAÇÃO”



Minha neta de cinco anos de idade, ao ver o filho de minha vizinha, que havia chegado dos Estados Unidos recentemente, apontar na esquina, quis falar seu nome, lembrar, mas, no exato momento sua memória não funcionou, talvez, por querer falar de imediato. Mas, Se lembrava muito bem o nome de sua esposa que se chamava MARTA. Como era muito esperta gritou:
_Olha lá, vó, o “ MARTO”, vem lá na esquina!
Eu não entendi e logo perguntei: Marto quem é MARTO?? Não conheço!
Ela acenou pra ele e ele correspondeu:
_ Ele é o marido da...e parou, muito desapontada.
 Curiosa eu virei e logo pude ver, a quem ela se referia.
“Era O RENATO, esposo da MARTA.”
Foi incrível a assimilação . Não acham?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

“O coelho sapeca”





Um dia eu estava arrumando a cozinha, quando um coelhinho branquinho,chegou até a porta de minha cozinha e ficou a me olhar. Parecia me hipnotizar com seus olhos arregalados e vermelhos. Saí da cozinha; mas logo, algo chamou-me à atenção: Uma batata inglesa bem no meio da cozinha, começou a rolar, fazendo um barulhinho estranho; não acreditei no que via. Tornei a sair e fiquei observando. O coelhinho veio devagarzinho, um pouco amedrontado e tchum! Abocanhou uma enorme batata, que estava na fruteira bem no chão. A batata caia toda hora, devido o peso em sua boca tão pequena, e logo ela se ajeitava, conseguindo pegá-la novamente. E foi assim que foi sumindo algumas batatas... Resolvi segui-la até sua casinha ; ela entrou e deitou-se calmamente, devorando-as. Em seguida ela voltou serelepe, não contentando com as que levara. Mas, dessa vez ela se decepcionou .Ao chegar a cozinha, em busca de mais batatas, a fruteira já não se encontrava mais no chão. Foi grande a sua procura... Eu havia colocado em cima da pia. Ela muito triste, saiu dando pinotes passeio á fora, não voltando mais naquele dia. Que coelho sabidinho!

“NÃO VALE A PENA”



Era uma vez, uma menina muito desobediente, mal educada, não respeitava os mais velhos e de sua boca só saíam palavrões.  Um dia, ela conheceu uma menina, que ,cuja voz soava como veludo:era macia e melodiosa. Essa menina sorriu estendo-lhe a mão dizendo:
_Olá, eu me chamo Eg e moro aqui no bosque; e você, como se chama e onde mora!??
Ela respondeu um pouca mal humorada:
_“Eu me chamo Rosa, mas pode me chamar de Rosinha... É carinhoso e eu gosto e eu moro aqui ou acolá; não tenho lugar fixo para ficar”
 Eg, continuou:
_Como já disse, moro neste bosque, onde os animais vivem soltos e as borboletas coroam as cabeças de quem passa e mora aqui e vem nos visitar. Aqui Rosinha, é tudo maravilhoso; até os animais comunicam de um certo modo, comigo e com as árvores,flores, rios,lagos enfim...todo bosque.Sinta o perfume...Não é gostoso!? Ouça o barulho da cascata, o gorjeio dos pássaros,não parece mágico!!? Viu Rosinha, é por isso que gosto daqui?! Veja que tranqüilidade! Que beleza extraordinária!
_Rosinha ficou fascinada, nunca tinha percebido tudo isso... Mas distanciou de toda aquela magia, não dando grande importância... Logo perguntou:
_O que há do outro lado do bosque?
 Eg, respondeu um pouco triste:
_Do outro lado do bosque, moram os palavrões, desobediência, a má educação, o desrespeito... Sinceramente, não gosto e nem vou para esse lado?! É contra meus princípios. Rosinha ao ouvir isso, saiu correndo pulando e gritando:
_Ôba, é lá que eu quero pisar!! Quem sabe eu fique por lá...!
Eg muito triste falava:
_Não vá Rosinha, é perigoso, volte...!!!
Rosinha não deu atenção, saiu correndo, embrenhando pelo bosque a dentro, sumindo-se de vista.  Eg, ficou chorando baixinho:
_Porquê Rosinha, você foi pra lá, porquê???
Rosinha ao pisar do outro lado ; foi recebida pelos maus tratos, palavrões, que ensurdeciam seus ouvidos, insultos um atrás do outro. Tudo neste lugar era desobediência, e má educação. Falavam gritando e atrapalhavam quem ousassem desobedecer, as normas de lá. Veja só, Rosinha que falava só palavrões nunca percebera como era feio a pronúncia “daquele jeito”, e o modo de comunicar com alguém? Será que foi passar por tudo aquilo, para compreender e enxergar as coisas horrorosas e o jeito de falar a alguém, de agir , para se modificar? Rosinha cobriu os ouvidos e gritou:
_“por favor, parem!!
Quanto mais pedia, mais ouvia insultos e aos berros . Os palavrões, a desobediência, a má educação; puxavam seus cabelos e cuspiam em seu rosto. Suas orelhas sangravam ; seu corpo todo, parecia bagaço de tanto que a surravam. Ela chorava e gritava aterrorizada:
_Quero sair da daqui!
E como corria... a todo vapor: “pernas pra te quero” .Como corria tanto, logo desmaiou...  Acordou com leves batidinhas no rosto e uma voz que dizia assim:
_Rosinha, acorda! Sou Eg, levanta-se e vamos sair daqui, depressa! Esse lugar não foi feito pra nós, pessoas civilizadas, educadas, eu lhe avisei, não é um bom lugar.
Rosinha falou ainda muito cansada
_“ Eu nunca mais, quero desobedecer, falar palavrões... Foi horrível! De hoje em diante desejo ser sempre educada, obediente e respeitar o meu semelhante... Sim ... Respeitar.!”
Lá se foram as duas de mãos dadas, caminhando pelo bosque a fora conversando... 
Creio que Rosinha aprendeu a lição . Não vale a pena  ser assim, distorcer o que aprendemos com nossos pais e professores.     Moral: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”.

“ Acho que engoli um dente”



Minha neta de cinco anos de idade, estava com seu segundo dentinho bem bambinho, na iminência de cair ... Mas, não deixava ninguém puxá-lo de uma vez e ficar com mais uma janelinha na boquinha. Por muito que tentávamos ludibriá-la, ela retrucava dizendo:
_ “pode deixar, não vou engolir o dente”
A noite, minha filha mais velha, grávida de oito meses, chamou-nos para um lanche em sua casa, e nós aceitamos... Lá estávamos, saboreando o “lanche gostoso” que seu esposo preparou com muito gosto, disto tenho certeza. Ele sabe preparar muito bem esse notável lanche.
 De repente... Minha neta parou de mastigar, mas; não demos muita importância mas, mesmo assim resolvi perguntar:
_ O que foi querida, não gostou do lanche? O que aconteceu?
Ela olhou para mim, mais não respondeu...
Minha filha logo respondeu pra ela:
_ “ela acabou de engolir um dente, quando se esqueceu que é preciso mastigar, antes de engolir, mamãe!”
Dei uma gostosa risada e falei ainda engasgando:
_Agora querida, fique atenta, pois vai nascer um pé de dente, dentro de sua barriga !  Ela olhou para mim nem um pouco assustada e disse meio sem graça:
_ “minha vó, ainda não sabe o que acontece com o dente engolido, coitada! Rum...











“QUE SACANAGEM”



Estava eu fazendo o almoço e para completar e aumentar meu apetite, quis fazer um angu bem incrementado, mas para isso eu precisava de cebolinha de cheiro e eu a tinha bem ao lado da casa do meu vizinho que exibia uma linda horta .  Logo, pedi minha netinha de quatro anos e onze meses, para buscar esse verde infalível, completando o molho gostoso, que dá mais sabor , enriquecendo mais o prato. 
Tudo bem... Dei a ela cinqüenta centavos para pagar a cebola. Nisso, minha vizinha do lado ouviu e me ofereceu a cebolinha de graça, não precisando comprar. Dei última forma e pedi o dinheiro de volta :
_Camila, dê-me o dinheiro! Não vou precisar mais comprar...
Ela respondeu-me assim:
_ Vou procurar vó, calma!
 Achei estranho, dei-lhe o dinheiro quase naquele momento e ela já havia perdido, estranho, muito estranho?!  Esqueci o acontecido por um momento e continuei o almoço,mas, os cinqüenta centavos não apareceu... eu ouvia sempre a mesma coisa “ vou procurar vó!” Pronto! O almoço já está na mesa! E eu chamei a todos para a refeição. Minha nora, bem... acho que posso chamá-la assim, uma vez  que vão se casar, e se gostam... assentou-se à mesa e os outros foram chegando aos poucos.
Logo em seguida, já estávamos saboreando o angu, o angu com aquele molho vermelhinho, crivadinho de verde por cima . Dava gosto... Quando, essa minha nora, a qual me referi à pouco, partiu o dito cujo e o pôs no seu prato, gritou de susto:
_D. Glória, fui premiada! Olha só, o que saiu no meu prato! Uma moeda de cinqüenta centavos! Que horror, não é essa moeda que a senhora estava procurando!?”
 Eu disse muito sem graça:
_Oh, é essa mesma!
Chamei minha neta e perguntei:
_Já achou a moeda criança?
Ela tranqüila respondeu olhando a moeda no prato de sua futura tia:
_ É vovó, ela caiu no angu, mas; eu não quis dizer onde ela caiu, se não você iria me zangar! Mas, foi bom que deu um “gostinho gostoso” não é mesmo vó?
Aí, não deixamos de dar gostosas gargalhadas.  
1997  21-12-97   as 16:oo h

domingo, 2 de janeiro de 2011

“ Minha pequena levadinha “



Minha querida e linda garotinha
Com um ano e nove meses de idade
Fala com sua avó no telefone
Dizendo sempre : que saudade !
Com emoção e segurança
Sua vozinha se faz ouvir
Linguagem de uma criança
Que faz sua avó sorrir .
Tira , põe roupa da gaveta
Faz bagunça , tira tudo do lugar
Canta , dança ,faz piruêta
Sem ao menos se cansar
Até mesmo dormindo
não pára de rebolar .
Um dia , pegou um fio dental
e nos dentinhos foi passar
puxando de um lado para outro
pensando:meus dentinhos sei limpar !
Uma bolsinha ela pegava dizendo a todos : vou passear!
No carro do meu titio...
Oh ! que pena . No sono vou pegar !
Quando vê seu tio fardado
Marcha , faz continência
Igualzinho a um soldado
Parecia querer dizer: não contava
Com minha astúcia ?

Olhava para seu primo B
E retrucava: sou mais velha
Que você e vai me respeitar
Veja só o meu dedinho
Balançando pra lá e pra cá .
Gosto muito de você Kaká
E de seus brinquedos também
Brinco , brinco e brinco !!!
Depois que eu cansar de brincar
Prometo , coloco tudo no lugar .
Gosto muito dos titios
Das titias também
Dos carinhos e denguinhos
Nos braços : eu vou e venho
Dos meus paizinhos , tenho certeza
O seu amor é imensurável
Que  com carinho e presteza
Não existe nada comparável.
Quando sua mãe lhe fala:
diga com carinho meu bem :
PAI , FILHO E ESPÌRITO SANTO .
 Depressa ela diz : AMÉM! 

A FORMIGA E O BESOURO


A formiga queria prosseguir o seu caminho, pois tinha muito trabalho a fazer. Mas, o caminho estava  interditado por um enorme besouro, que tentava  se virar a todo custo, mas não conseguia. Coitado, estava de costas!
A formiga levava uma folhinha nas costas. Ela parou, deixou sua folhinha no chão, arregaçou suas manguinhas e disse apressada:
_Ah, coitado, que posição!!
Segurou numa das perninhas do besouro, tentando puxá-lo; não deu certo. Era muito pesado. Pegou a parte traseira ; nada. Não deu resultado . Foi tudo inútil, que pena!  A formiga assentou-se na beira do barranco e ficou a pensar... “ Como tirar o besouro daquela situação?” Depois de muito pensar, decidiu,
_Vou-me embora!
Pegou a folhinha que havia deixado no chão , colocou-a nas costas e subiu sobre o abdômen do besouro e ... Atravessou a estrada. Ao atravessar o seu abdômen a folhinha  caiu bem em cima do nariz do besouro , que começou a espirrar, sem parar ...
O besouro deu um agudo gemido, levantando-se , saindo da estrada . O solavanco e o cheiro da folhinha , forçaram a virada do dito- cujo, do meio da dita estrada. O cheiro era muito forte  e o besouro não parava de espirrar. E quanto mais espirrava, mais vontade aparecia... Uma vez virado, quis correr do cheiro, que exalava por todo campo ...
 Ao correr, tropeçou na mesma folhinha , que triplicou o jeito de espirrar. Era muito forte ... O besouro, muito espantado com os espirros , correu para pegar a folhinha, não para si, mas, para dar cabo da mesma ; jogá-la bem distante, ou queimá-la ... Enfim, consumir a dita folha.
A formiga vendo o besouro ir de encontro a folha, imaginou que a folha o interessasse. Correu, dando um pulo e a pegou  primeiro, dizendo muito zangada:
_ “ Cai fora besouro, custei trazê-la até aqui e agora quer me roubá-la!? Vá trabalhar seu tolo, porque essa é minha! Quer tudo de mãos beijadas, hem, seu espertinho?
O besouro entendeu bulhufas, saiu correndo pela estrada afora e está correndo até hoje. Mas não de medo da formiga ; mas, do cheiro forte da folhinha.
Moral: A folha era de fumo e o sol quente de verão, fez com que ela exalasse um cheiro insuportável. Que horror!

Esquecimento



Uma  vovozinha bem de idade, tentava acalentar sua netinha que chorava tanto por ter caído  no chão, machucando o seu joelhinho esquerdo. Colocou os braços numa das mangas de sua blusinha, fazendo da mesma, um fantochinho falante. Tudo fazia a velhinha para entretê-la .
Disse para sua netinha, movimentando a manga da blusinha e falando como a uma criança:
_Querida, você se machucou? Está dodói?
 A menina desconfiada respondeu com uma voz um pouco trêmula:
_Machuquei o joelhinho, olha aqui, está saindo sangue...
A vovozinha novamente perguntou; com uma voz cansada:
_ Quer passar remedinho no dodói, quer?
A menina olhou bem para o fantochinho e para sua avó e falou irritada:
_Vó, você não vê que essa é minha blusinha, e blusinha não fala !!  Ah, que saco!
 A avó envergonhada disse sorrindo:
_Ah, é claro docinho, a vovó esqueceu que você já fez dois aninhos! Agora é diferente, não é docinho!Eu, a entretinha desse jeito, para não vê-la chorar, ela era bem pequena . Como o tempo passa depressa, não é docinho?
 Ela respondeu dando risadinhas maliciosa:
_É vó, você está ficando enrugadinha...
 Na verdade, ela falou desse jeito:
_Que chaco  minha businha  cheinha de linha na mão . E ponto final.


“Sono”


Eu estava muito cansada, após um dia árduo. Alguém não sei de onde veio, nem como entrou e chegou em minha casa . Puxou-me pela mão e fez-me caminhar... caminhar, até não agüentar mais ... Eu já estava com as pernas bambas e trêmulas ; até que chegamos em algum lugar.
Não havia muita luz, só a penumbra como testemunha. Mas, a claridade da lua e o cintilar das estrelas, permitiam que eu visse vagamente, alguns detalhes.
 Pronto! Chegamos a algum lugar... Vi uma casa toda branca. Havia muitas janelas, todas de vidro de cima  à baixo , bem pequeninas, por toda frente da casa .
Esse alguém misterioso, abriu a porta, caminhou por um corredor comprido, também todo branco. Ao lado esquerdo algumas portas, uma delas ele abriu e entrou, puxando-me pela mão. Era um quarto. Suas camas ostentavam lençóis branquinhos ... Ele, o misterioso, aproximou-se de um abajur e o acedeu. Aí, pude ver melhor , os objetos , menos o seu rosto .
Acariciou o meu rosto, pegou-me ao colo, cantando uma melodia linda para mim. Uma voz que contagiava o ambiente . Acariciou meus cabelos, beijou –me o rosto e sussurrou algo bem no pé do meu ouvido. Não sabia o que falava, pois não dava para entender nitidamente.
 Sei que eram coisas bonitas, nunca ouvida no mundo terreno. Intuição talvez. Era como num sonho. No mundo fantástico dos sonhos.
Eu quis saber, quem era esse alguém, apesar do cansaço que me consumia aos poucos. Mas, como desde o início, ele desviava o olhar, não queria ser identificado. Mesmo assim, quase balbuciando perguntei :
_Quem é você? Qual é o seu nome? De onde veio?
E ele nada. Ele fez um aceno para que  eu me deitasse numa das camas e aí sem pestanejar deitei ... Foi quando ele resolveu se identificar, fazendo rodeios:
_Não se aflija! Logo, logo você saberá quem sou... mas um pouquinho e pronto.
 E começou a se identificar ...
_Sou alguém de um país muito distante. Vim de muito longe, para estar com você, vi o seu cansaço e quis velar o seu sono... Vou estar com você por muito tempo, até você descansar. Eu prometo! Fique tranqüila, não sou nenhum bicho papão .
Com os olhos fechados, pelo cansaço, praticamente vencidos pelo sono, caí na inércia. Ainda pude ouvir sua voz sussurrando:
_Sabe quem eu sou? Sou o gostoso Sono. Eu me chamo “Sono”! Eu quero fazê-la dormir em meus braços.
Foi aí que entrei no mundo fantástico do sono e conheci a magia que ele tem, conhecendo o seus enigmas . Neste dia, consegui ter um sono tranqüilo e profundo.E como é gostoso! Fiquei enamorada dele . Agora, á noite, fico a sua espera, para dormir sossegada e sentir suas carícias nos meus cabelos ,já grisalhos pelo tempo que o próprio “tempo” se encarregou de apagar

“O CORAÇÃO DE WASTEIN”



Um dia, um menino de oito anos de idade, de tanto insistir  com sua mãe para buscar o pão da tarde na padaria (do outro lado do asfalto, que por sinal era muito perigoso, uma av) ela acabou cedendo.
Nesse dia, ele tomou seu banho, colocou sua roupinha de coroação (ele ia coroar a imagem do Sagrado Coração de Jesus no mês junho). Ele estava usando calça azul, camisa branca, uma faixa vermelha atravessada no peito e sapatos pretos.
Lá se foi o garotinho todo serelepe, buscar pela primeira vez, os pães na padaria do sr. Hercules.  Passados alguns minutos, ele apareceu com os pães amassados e sujos e não estava feliz ... muito pelo contrário: estava acabrunhado.
Não entendi, quando foi, estava feliz... quando voltou, estava muito triste, aborrecido. Logo em seguida; apareceu um casal apressado dizendo:
_É o garoto, machucou muito? Ah,eu sinto muito! Coitadinho, nós íamos socorrê-lo mas, ele levantou-se tão rápido, catando os pãezinhos no asfalto e correu para cá; então viemos atrás dele.
 Sua mãe coitada, não entendia nada do que falavam... Ele olhou para sua mãe com os olhinhos tão tristonhos que dava pena! Sua mãe criou coragem e perguntou:
 - O que foi que aconteceu?
 Então,eles tentaram explicar:
_Quando ele atravessava a rua, após sair da padaria, ele foi atropelado,e o pior...nós o atropelamos, quando  saímos de uma curva. Não deu para frear o carro. Sentimos muito, foi inevitável!! Se for preciso, nós o levaremos para o pronto socorro...
Foi nesse momento,que sua mãe acordou do susto e perguntou:
 -Meu filho, deixe-me ver o seu corpinho! Veja a sua roupa toda suja!
Ele rapidamente respondeu:
_Não aconteceu nada, estou bem, não se assuste,mãe!!!
Ele segurou bem forte a mão de sua mãe e juntos foram para a coroação.
Cá debaixo, sua mãe o viu em cima do alta, com os olhinhos tristes, mas; ele cantava... cantava...
Neste dia, ele cantou mais forte, mais bonito,mas muito triste! Aqueles olhinhos tristonhos doía o coração de sua mãe; mas, ele não sabia...
Ele parecia um anjo no meio dos anjos, no meio das flores, lá em cima do altar.  
No dia seguinte, ele queixou-se de dores, levantou sua roupinha, e lá estavam os arranhões no seu corpinho.  Não quis fazer raio-X ficando assim sem saber se machucou por dentro.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            Quem sou?