É engraçada a nossa
vida...E a dos animais irracionais também.
Veja bem... Tem um
enorme buraco no muro, ao lado de nossa casa. Por muito que
tampemos, com areia e cimento, ele está sempre aberto. São os
ratos. Não sei de onde vêm nem pra onde vão mas estão sempre
andando por ai.Não dão sossego.
Imagina...Conseguimos
eliminar muitos e eram enormes. Tudo bem...Ficamos sem a presença
deles um tempão, chegamos à acreditar que eles tinham sumido para
sempre. Que ironia da vida!
Logo, apareceram três
ratinhos bebês.Um entrou no quarto de meu filho e foi eliminado. O
outro, subiu no fogão. Como o fogão estava próximo da pia, ele
desceu pelo o fio, fazendo malabarismo, como um verdadeiro macaquinho
descendo em um galho de árvore.
Os três além de serem
pretinhos, assemelhavam a um porco espinho, todo espetadinho e muito
minguadinho, por serem talvez, tão novinhos.
Um dia, armei a
ratoeira e fui lavar a louça e ouvi um barulho e o que vi, me doeu
muito.
O ratinho,ao ver um
pedaço de queijo na ratoeira, foi correndo para tirá-lo pensando:
“Ôba! Que petisco! Faminto como estava, não perdeu tempo. Que
azar...Mas...um pardalzinho inocentemente bicou-o primeiro, deixando
o ratinho constrangido, por ser vencido pelo pardalzinho. Mas, o
pardalzinho coitado,levou a pior...ficou preso no lugar. Que
lástima!. Ele ficou se debatendo tanto, ferindo o pescoço e caindo
suas peninhas. Dava pena sua agonia.Por muito que quisesse,não
sairia da guilhotina.
Corri para tirá-lo
daquela situação, mas...ao sair, já não se movia mais.Ficou
durante horas sem movimento.Coitado! Que situação inesperada!
Anoiteceu...gatos
famintos apareceram por todos os lados e para que eles não
achassem o agonizante pardalzinho, eu o escondi por entre as plantas
e também para que ele se recuperasse do susto que a vida lhe
pregara. Hum...que agonia!
No outro dia, lá
estava ele, no mesmo lugar na mesma posição,com o pescoço virado
de um lado só. Não se alimentava, tão pouco bebia água que meu
filho lhe dava. Dava pena ver o bichinho assim...
No dia seguinte,
conversei com ele dizendo: “Pardalzinho, saia daqui, vá para bem
longe e só volta quando estiver bem, se não quiser ser comido pelos
gatos que estão sempre a espera de algum bom petisco. Parecia que
entendeu direitinho a minha mensagem. Saiu voando esbarrando em tudo,
com bastante dificudade, pousando no pé e acerola.
Tudo bem...Os dias
foram passando e eu ficava na esperança de vê-lo comendo no
terreiro. Até que um dia, um pardalzinho, apareceu no terreiro,
tentando pegar um grãozinho de alguma coisa no chão. E eu falei: “
olha ele aí, olá, como vai você!!?” Você se lembra de mim? Não
vá cair na guilhotina de novo ouviu? Ele saiu voando com a cabecinha
virada para um lado só. E eu disse aínda...Olhe pardalzinho,
procure um ortopedista para colocar seu pescoço no lugar,ouviu!?
E não se esqueça de
mim AIROLG S. D.
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