Um avô
muito carinhoso, deu a seu netinho Felipe, um lindo pintinho carijó.
Deram-lhe o nome de Pinto Júnior, uma gracinha! Ele vivia dentro de
casa.
Mas, seu
avô morava em um apartamento e apartamento não tinha espaço, para
um bom desenvolvimento do mesmo. Logo veio uma boa solução: Seu avô
o levou para a casa de sua mãe, por ter um bom espaço, onde poderia
desenvolver gradativamente, e mais saudável.
Agiam
mais ao menos assim: fazia sol ou chuva, lá ia Pinto Júnior todo
embalado, dentro de uma caixinha de sapato, de carro, para a casa da
mãe de seu avô, todos dias de manhã. A tarde,entrava na mesma
caixinha, e ia de volta para seu apartamento. Ia como gente,seguindo
esse itinerário todos os dias.
Era uma
comédia! O bichinho viver uma vida assim, como gente, ou melhor
“pensando que era gente”. -Pronto, tomou conta do terreno e dos
curiosos expectadores também. Ríamos a valer...
Pinto
Júnior, não conhecia aves de sua espécie, portanto, não tinha
muito que aprender...certo?
Andava só
atrás da gente e imitava os passos dos pombos, que por ventura,
apareciam no quintal.
Ele
percorria, no estreito parapeito do terraço, pé ante pé,
equilibrando o seu pesado corpo, exibindo como se fosse realmente
pombo. Muito interessante! Interessantíssimo! Um pesado frango
achando-se pequeno pombo. É audácia demais não? É fantástico!!
Só saía de lá, quando a fome lhe consumia. Descia e subia degrau
por degrau e beliscava tudo que via, quando estava com fome.O que
estava na sua frente, sofria com suas fortes bicadas. Inclusive os
cadarços dos sapatos das crianças, ele não perdoava. Até as
barras das saias de todos nós, ele bicava. Subia a rampa da varanda
da cozinha e batia com o bico na porta, como quisesse dizer:
-“estou
com fome! Eu quero comer!”
Eu,
respondia firme:
-“ Ah!
Está com fome? O terreiro é rico em nutrientes,não seja preguiçoso vá caçar bichinhos pelo terreiro!!”
E ela não
saía do lugar, enquanto não ganhasse um bom bocado de ração pra
ele se degustar. Que safadinha, não!?
E assim
ela foi crescendo...cheia de luxo.
E só
bebia água no bico da torneira, virava o pescoço e
glut...glut...glut … e quando alguém fechava a torneira, hum...
ele bicavava sem piedade... como dissesse:
- “não
acabei ainda... não está vendo!?”
Teve um
dia, que que ele voôu de cima do terraço e caiu logo, num pezinho
de goiaba, como era novinho, ele ficou ocilando pra lá e pra cá e
ele coitado, gangorrando sem poder voar. Ele ficou assustadíssimo.
Não sabia o que fazer, ou pulava, ou gangorrava, até galho parar de
balançar.
Num belo dia … ele ficou quietinho... no parapeito da varanda, e ouvi algo cair no chão. Um barulho semelhante alguma coisa quebrada.
Fui
olhar, e o que vi? Um ovo quebrado, só que ovo não tinha a casca
externa...só a gema , clara e uma casca fininha, que sustentava o
conteúdo de dentro.
Eu me
assustei...nunca tinha visto coisa igual... Eu pensei:
-“O
quê? Você não é um franguinho? É uma franguinha? Meu Deus!
Onde é que estamos? Espertinha, nos enganou direitinho!
Ela ficou
cacarejando sem parar...como quissesse nos dizer:
-“ É
por isso, que eu desfilava delicadamente, no parapeito do
terraço,mas; vocês não entendiam? Que eu posso fazer? Nada!!”
Agora é
a Pinta Júnia, virou uma linda franga e bota ovos todos os dias!
Que ironia do destino! Chegou a botar uns quarenta ovos mas, não
podia chocá-los... Não eram galados. E ninguém queria
comê-los...por ser criado como um membro da família.
Fala
sério,o que isso meu Deus!!!
Não
podia ver uma porta e uma janela abertas, que ela queria entrar e se
estabilizar. Batia com o peito no chão como dissesse:
-“Daqui
não saio daqui ninguém me tira...”
E não
saía mesmo, só se tirasse à força... Por onde passava, deixava
um recadinho, e é claro, ninguém é de ferro.
Não
posso nem me lembrar,ela entrou sorrateira pela janela, caindo bem em
cima do fogão; e este estava aceso,e queimou o seu “fosquete”.
Que
horror! Saiu gritando, ou melhor,cacarejando sem parar...
-
“socorro, alguém me ajuda!! Que coisa, ninguém me ajuda,, que
coisa é essa?Bom...
Vivia como gente,agia como gente e como gente, queria ficar dentro de
casa. Só faltava essa! Quando sentia cheiro de comida, ela subia na
janela da copa e cacarejava:
-“Quero
comida !”
E só
saía, quando alguém a tirava de lá, e dava uma porçãozinha de
“tudo” para comer. E ela agradecia com seus cocoricós.
Quando
íamos pegar acerola, ela depressa corria na frente, para chegar
primeiro. A medida que pegávamos a fruta, ela tentava pegar também,
mas ao pegar, sempre caía ao chão. E ela achava ruím,
cacarejava...cacarejava e não parava mais. Sempre tentava nos
ajudar,sempre...
Quem
quiser conhecê-la,
é só ir no bairro:Bom de ficar,
na rua:Tudo pode acontecer.
No
número;um cadeira,um patinho e uma meia.
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