sexta-feira, 19 de abril de 2013

Pinto Júnior? Acho que não!



Um avô muito carinhoso, deu a seu netinho Felipe, um lindo pintinho carijó. Deram-lhe o nome de Pinto Júnior, uma gracinha! Ele vivia dentro de casa.
Mas, seu avô morava em um apartamento e apartamento não tinha espaço, para um bom desenvolvimento do mesmo. Logo veio uma boa solução: Seu avô o levou para a casa de sua mãe, por ter um bom espaço, onde poderia desenvolver gradativamente, e mais saudável.
Agiam mais ao menos assim: fazia sol ou chuva, lá ia Pinto Júnior todo embalado, dentro de uma caixinha de sapato, de carro, para a casa da mãe de seu avô, todos dias de manhã. A tarde,entrava na mesma caixinha, e ia de volta para seu apartamento. Ia como gente,seguindo esse itinerário todos os dias.
Era uma comédia! O bichinho viver uma vida assim, como gente, ou melhor “pensando que era gente”. -Pronto, tomou conta do terreno e dos curiosos expectadores também. Ríamos a valer...
Pinto Júnior, não conhecia aves de sua espécie, portanto, não tinha muito que aprender...certo?
Andava só atrás da gente e imitava os passos dos pombos, que por ventura, apareciam no quintal.
Ele percorria, no estreito parapeito do terraço, pé ante pé, equilibrando o seu pesado corpo, exibindo como se fosse realmente pombo. Muito interessante! Interessantíssimo! Um pesado frango achando-se pequeno pombo. É audácia demais não? É fantástico!! Só saía de lá, quando a fome lhe consumia. Descia e subia degrau por degrau e beliscava tudo que via, quando estava com fome.O que estava na sua frente, sofria com suas fortes bicadas. Inclusive os cadarços dos sapatos das crianças, ele não perdoava. Até as barras das saias de todos nós, ele bicava. Subia a rampa da varanda da cozinha e batia com o bico na porta, como quisesse dizer:
-“estou com fome! Eu quero comer!”
Eu, respondia firme:
-“ Ah! Está com fome? O terreiro é rico em nutrientes,não seja preguiçoso vá caçar bichinhos pelo terreiro!!”
E ela não saía do lugar, enquanto não ganhasse um bom bocado de ração pra ele se degustar. Que safadinha, não!?
E assim ela foi crescendo...cheia de luxo.
E só bebia água no bico da torneira, virava o pescoço e glut...glut...glut … e quando alguém fechava a torneira, hum... ele bicavava sem piedade... como dissesse:
- “não acabei ainda... não está vendo!?”
Teve um dia, que que ele voôu de cima do terraço e caiu logo, num pezinho de goiaba, como era novinho, ele ficou ocilando pra lá e pra cá e ele coitado, gangorrando sem poder voar. Ele ficou assustadíssimo. Não sabia o que fazer, ou pulava, ou gangorrava, até galho parar de balançar.




Num belo dia … ele ficou quietinho... no parapeito da varanda, e ouvi algo cair no chão. Um barulho semelhante alguma coisa quebrada.
Fui olhar, e o que vi? Um ovo quebrado, só que ovo não tinha a casca externa...só a gema , clara e uma casca fininha, que sustentava o conteúdo de dentro.
Eu me assustei...nunca tinha visto coisa igual... Eu pensei:
-“O quê? Você não é um franguinho? É uma franguinha? Meu Deus! Onde é que estamos? Espertinha, nos enganou direitinho!
Ela ficou cacarejando sem parar...como quissesse nos dizer:
-“ É por isso, que eu desfilava delicadamente, no parapeito do terraço,mas; vocês não entendiam? Que eu posso fazer? Nada!!”
Agora é a Pinta Júnia, virou uma linda franga e bota ovos todos os dias! Que ironia do destino! Chegou a botar uns quarenta ovos mas, não podia chocá-los... Não eram galados. E ninguém queria comê-los...por ser criado como um membro da família.
Fala sério,o que isso meu Deus!!!
Não podia ver uma porta e uma janela abertas, que ela queria entrar e se estabilizar. Batia com o peito no chão como dissesse:
-“Daqui não saio daqui ninguém me tira...”
E não saía mesmo, só se tirasse à força... Por onde passava, deixava um recadinho, e é claro, ninguém é de ferro.
Não posso nem me lembrar,ela entrou sorrateira pela janela, caindo bem em cima do fogão; e este estava aceso,e queimou o seu “fosquete”.
Que horror! Saiu gritando, ou melhor,cacarejando sem parar...
- “socorro, alguém me ajuda!! Que coisa, ninguém me ajuda,, que coisa é essa?Bom... Vivia como gente,agia como gente e como gente, queria ficar dentro de casa. Só faltava essa! Quando sentia cheiro de comida, ela subia na janela da copa e cacarejava:
-“Quero comida !”
E só saía, quando alguém a tirava de lá, e dava uma porçãozinha de “tudo” para comer. E ela agradecia com seus cocoricós.
Quando íamos pegar acerola, ela depressa corria na frente, para chegar primeiro. A medida que pegávamos a fruta, ela tentava pegar também, mas ao pegar, sempre caía ao chão. E ela achava ruím, cacarejava...cacarejava e não parava mais. Sempre tentava nos ajudar,sempre...
Quem quiser conhecê-la,
é só ir no bairro:Bom de ficar,
na rua:Tudo pode acontecer.
No número;um cadeira,um patinho e uma meia.

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