sábado, 27 de março de 2010

A FELICIDADE DURA POUCO...


Um casal de sabiá voava pelo espaço à fora, feliz, cantava o canto de liberdade, formando um som agradável de se ouvir.
De galho em galho pulava comendo frutinhas das árvores e o que a natureza lhe oferecia. Sobrevoava os rios, os lagos, a relva e brincava na cascata imensa, sentindo o frescor dos respingos que dela se espalhava pelo ar.
A noite dormia em uma árvore frondosa, que ostentava lindos pontinhos vermelhos que durante à noite caíam proporcionando um barulhinho gostoso como um toque de magia celeste.
O casal dormia sossegado, longe da maldade do mundo e das tiradeiras das crianças travessas.
Um dia, um senhor já de olho no sabiá, armou um alçapão no pé de limoeiro, nos fundos de seu quintal, cheio de alpiste para pegá-lo.
Mas aconteceu o inevitável... a sabiá, atraída pelo convite, não contestou, parou... olhou e ... coitadinha. Ficou presa, triste, chamando seu companheiro que ficara de galho em galho, desesperado,sem compreender absolutamente nada. A sabiá debatiá-se tanto ferindo suas asinhas até se cansar.
O sabia, vendo o desespero de sua amada, não saía de perto do limoeiro, na esperança de vê-la se livrar da prisão.
Mas debalde esperanças! Como isso não acontecia dia após dia, ele se debatia freneticamente nos galhos, machucando-se todo.
Mas esse senhor tirou a sabiá do alçapão e a colocou ao lado dentro de outra gaiola, tentando finalmente pegar seu companheiro que por ordem da natureza, não saía de perto dela.
Colocou mais alpiste e deixou a portinha aberta e ficou de olho.
Era muita tentação e o sabiá acabou sendo fisgado e a alegria durou pouco , menos que cinco minutos.
Logo uma mão veio e tirou a sabiá lá de dentro, soltando-a.
E o sabiá que tudo fez para ficar ao lado da sabiá : sua companheira. Ficara decepcionado e sua tristeza perdurou e começou a cantar tão triste. Eu fiquei chocada ao ver aquela cena melancólica. Ficaram do mesmo jeito, infelizes.
A sabiá vendo-se livre da gaiola, cantou de felicidade, mas, ao olhar para trás o seu companheiro no seu lugar, preso, sem liberdade, ficou triste bicando suas peninhas... olhando-o na gaiola.
E ela cantava, não de alegria, mas de extrema insatisfação, vendo seu companheiro de aventura, impossibilitado, preso em seu lugar,sem poder sobrevoar a floresta,rios, lagos, passar pela cascata e sentir a brisa gostosa e o frescor que ela oferecia. Sua liberdade agora de nada valia.
Ela se privava de tudo. Não se importava mais com aquela maravilha de toda exuberância da natureza. Seu companheiro não gozava da mesma liberdade, ela com certeza não usufruiria também...
A gaiola ficou enfeitando a varanda desse senhor, que a exibia orgulhoso o canto melancólico do sabiá que cantava, cantava, não de felicidade, mas de tristeza incontida.
A sabiá nunca mais voltou... Acredito que tenha morrido.

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