domingo, 15 de agosto de 2010

“Andrei e seu casal de garnisé”

Andrei, era um menino silencioso , muito bondoso e inteligente. Esperto como era , observava tudo ao seu redor . Sabia registrar com segurança como uma máquina fotográfica .

Um dia apareceu em sua casa , um amigo fazendeiro de seu pai , trazendo-lhe um casal de garnisé; era branquinho , suas peninhas esbarravam no chão , de tão pequenos que eram .

Andrei morria de rir , quando o casal passeava diante dele , rebolando, devido suas perninhas baixinhas e grossas , cheinhas de penas até ao chão .

Um dia, a garnisé botou três ovinhos, cabiam os três na palma de uma das mãos de Andrei. Era muito engraçado, o centro de atração para as crianças e a coisa mais interessante que podia ter acontecido na vida de Andrei .

Sabe onde a garnisé fez seu ninho? Bem no meio das bananeiras! Como havia muita umidade, só um gerou, um lindo pintinho, tão pequeno que parecia um passarinho! Os outros dois goraram ; mas, como Andrei era muito curioso, quis testá-los para ver se estavam realmente gorados.. Quebrou um por um numa pedra ; mas acho que se arrependeu ao sentir exalar um odor insuportável, que horror!!

Longe de seu ninho a garnisezinha, foi a procura de alimento para seu único filhotinho que mal saíra do ninho já reclamava fome . Muito orgulhosa ela ciscava pra lá e pra cá, muito feliz . Quando a mãe garnisé achava uma minhoquinha, ela de alegria saçaricava imitindo sons que só seu filhotinho entendia . E ela muito feliz ciscava, ciscava e curtindo seu único baixinho ,que bicava tudo que via no chão ,sem parar; parecia fome acumulada há muito tempo.

O pintinho era tão mansinho, que comia na palma da mão de Andrei e ele se divertia muito .No meio de outras galinhas os três destacavam mais; pareciam dois pombinhos e o filhote parecia uma rolinha : pai mãe e o filhote que enfeitavam o terreiro .

Uma tarde...Chovia muito, os três ficaram debaixo de uma telha, inclinada na parede estavam jururus de tão molhados que ficaram. Depois que a chuva terminou, eles correram a procura de minhoquinhas...Corria por, um filete de água, deixado pela chuva, muito fininha, quase nada .

A galinha passeava por ali, com seu imponente filhote, quando de repente, o pintinho escorregou e como suas perninhas eram curtinhas, não conseguiu evitar a queda, acabou afundando no filete de água e se afogando . A mãe galinha, muito triste vendo o filhotinho carregado pelas águas, não pode fazer nada mesmo se quisesse não conseguiria . A garnisé desesperada ,muito aborrecida com o acontecido, sem exitar , pôs-se a tirar suas penas com o bico, ficando peladinha (certamente, um rito próprio de aves ) . É curioso, nunca havia visto coisa semelhante. Coitadinha!

Passados alguns dias ela não suportou a dor ,subiu no poleiro e tirou as peninhas que já estavam nascendo e arranco-as bicando uma por uma até as penugens. Depois caiu no chão e morreu (será que foi paixão?) Depois dizem que animais não tem sentimentos dizia Andrei, aos seus coleguinhas e irmãos .Ora, é pura mentira eles sofrem como nós ,”a maneira deles “quando sofremos perdas na família. O garnisé- pai, ainda continuou vivo, mas, parecia velho e gagá. Beliscava tudo que via luzir até os chinelos dos irmãos de Andrei ele beliscava . Era realmente motivo de risos e algazarras da criançada da redondeza.

Andrei, muito sentido, por ter perdido o seu centro de atração, cruzou os braços e disse bem decidido: é isso aí, até os animais sofrem a perda de seus filhotes . São sensíveis como nós humanos . Somos humanos, destruindo a vida dos irmãos?

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