quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

“ O Preconceito”



Antunes tinha apenas cinco anos de idade, quando foi ao colégio pala primeira vez. Era um menino inteligente mas, mas não gostava da cor negra.
Não teve dificuldade na escola e logo se entrosou com seus coleguinhas. Foi logo se acostumando com o ambiente escolar. No recreio , ele brincava de bola descontraidamente; saia correndo pelo pátio a fora, parecia que já conhecia tudo e todos.
De repente, ele parou... não quis mais brincar...  Um de seus coleguinhas gritou:
_Hei, Antunes, parou de brincar?
Ele respondeu:
_Não dá mais !
Seu coleguinha retrucou:
_Não dá mais porquê ? Esta tão bom, venha!
Seus coleguinhas não entenderam bulhufas, mas; continuaram a brincar... 
_ Ele desanimou - disse um...
Outro disse consolando a todos:
_Tudo bem... O importante é que a brincadeira continua !
De longe, Antunes olhava a bola, que flutuava pra lá e pra cá, sem parar, nos pés de seus coleguinhas. Mas, Antunes, sempre de cara triste e testa franzida .
A professora observava atenta, a brincadeira das crianças.Viu o afastamento de Antunes e perguntou:
_ O que houve, parou de brincar ?
Ele respondeu mal humorado:
_Não foi nada, acho que me cansei... Brinco quando me der vontade.
_Ora, disse a professora !! Vá brincar...!
Ele respondeu, perdendo a paciência:
_Não!
_Porquê - ela disse - você gosta tanto de jogar bola?! 
Ele respondeu:
_A senhora quer saber mesmo? Sabe... “ enquanto aquele negrinho” tiver brincando , prefiro ficar só olhando, que colocar a bola no pé. Ele é diferente professora! Veja bem ... Ele é todo diferente.
A professora franziu a testa e pensou... Meu Deus, um racista em minha escola!  O quê que é isso meu Deus ?  Encorajou e perguntou:
_Diferente como? 
Ele desanimado falou:
_Veja bem... minha pele é branca, cabelos lisos e o dele é ... sei lá, é  engraçado!  Muito esquisito... encaracolado... 
A professora mais que depressa pensou em modo de explicar a ele, sem melindrá-lo, sem perturbá-lo, pois sabia que ele precisava de muita atenção imediata compreensão sobre pessoas de cor. Pensou... pensou... e depois com muito jeito, falou:
_Antunes, venha cá ! Fique bem pertinho de mim ... assim,bem juntinhos, vamos procurar entender as nossas diferentes cores. Veja bem... No mundo, existem muitas pessoas diferentes: branco, negro, amarelo e vermelho. Mas, diferente só na cor ; por dentro somos todos iguais . Qual é a cor do seu sangue?
 Ele respondeu:
_Vermelho,é claro! 
E ela continuou... você conhece alguém que tenha sangue de outra cor ?  
Ele:
_Não professora! Até hoje só conheço sangue vermelho mesmo,ora...
Concentradíssima ela continuou, com uma voz macia e segura, compenetrada no assunto:
_ As vezes, querido, algumas pessoas têm esse “negro”que está na pele, bem dentro dele, e esse, “negro”de dentro, é pior que o “negro que fica de fora ... Não importa a cor que a pessoa tem; o que importa na pessoa é o caráter. Por exemplo: a pessoa quando é má, invejosa, falsa, desobediente... essa pessoa vive como tivesse esse “negro” por dentro dela, mesmo de pele branca . E se a pessoa é “negra” por fora fora e bela por dentro, por ser boa, educada, obediente e sabe tratar seus amiguinhos com simpatia e tudo faz ,para que ela se sinta a vontade . Essa pessoa é como “ branca” por dentro , transparente...  entendeu Antunes?
Ele disse preocupado:
-Sim, Professora! Eu entendi tudo. Isso quer dizer, que eu sou “negro” por dentro, não é professora? Entendi tudo ,tudinho... 
A professora muito assustada, sacudiu a cabeça, num gesto de preocupação, disse a todo vapor:
_Não,quis dizer isso Antunes, procure entender...
Ele respondeu com presteza:
_Eu sei professora , entendi tudo!
Por um momento, ele espirou fundo e depois, com muito esforço falou sem parar...
_ Ah!, Não quero ser “negro” por dentro, não; professora!  Ajude-me a tirar esse “negro” de dentro de mim ,por favor... Isso tem remédio?  

A professora ,ainda assustada, com o que acabara de ouvir, franziu a testa e pensou ... Não sabia que ele pegaria ao pé da letra o exemplo que ela lhe dera . Levantou-se devagarinho, inclinou o dedo indicador e apontou para o seu coleguinha de cor, que ainda brincava alegre com seus coleguinhas “branquinhos”  Ela disse:
_Esse é o melhor remédio, a melhor solução, o melhor caminho para tirar esse negro de cada um de todos nós . Vá brincar com seu coleguinha de cor e o faça feliz , sendo bem legal com ele,como faz com os outros e não deixe que ele perceba a sua ausência. Corra, vá brincar e esqueça “tudo...
Ele mais que depressa saiu correndo atrás da bola gritando:
_ Hei, você que entrou agora para nossa turma, joga a  bola pra cá, quero brincar também !
O menino sem saber de nada, olhou, sorriu e jogou a bola e começou a brincar com seu novo amiguinho... Assim ficaram amigos para sempre.
Seus outros colegas, não entenderam nada do que se passou... Moral: Todos nós somos “iguais” perante o nosso CRIADOR  . O SOL NASCEU PARA TODOS .

Nenhum comentário:

Postar um comentário